Portugal é o país da União Europeia com cannabis mais barata, média de 2,3 euros por grama, longe dos 12 euros na Noruega, ou dos 5 a 10 mencionados na maioria dos Estados-membros, segundo a agência europeia das drogas.
O último relatório do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) revela que, em regra, a maioria dos países comunicou preços para a
resina de cannabis entre cinco e 10 euros/grama, contra os
2,3 euros revelados por Portugal e os
12 pela Noruega.
O documento da agência europeia de informação sobre a droga e a toxicodependência, sediada em Lisboa, indica que «o preço de venda de drogas ilícitas nas ruas da Europa baixou nos últimos cinco anos e é provável que as drogas estejam agora mais baratas do que nunca, em toda a Europa».
Este estudo é o primeiro do género realizado a nível europeu.
Em toda a Europa, no período em estudo, os preços da resina de cannabis (vulgo haxixe) baixaram 19 por cento (%), o da cannabis herbácea 12%, da cocaína 22% e da heroína castanha 45%, bem como o das anfetaminas (menos 20%) e do ecstasy (menos 47%) baixaram em toda a Europa.
Todos os preços foram indexados à inflação para uma avaliação mais precisa dos valores «reais», explica o OEDT.
A agência europeia explica que «os preços das drogas podem ser influenciados por diversos factores, nomeadamente as flutuações da oferta, o grau de pureza, o tipo de produto e as quantidades transaccionadas».
O OEDT refere que os dados actuais não revelam qualquer relação directa entre a baixa dos preços das drogas e a flutuação ou tendência de aumento das apreensões de droga, no mesmo período de cinco anos, nem uma relação imediata entre o preço e os níveis globais de consumo das drogas.
Comentando estes dados, o presidente do OEDT, Marcel Reimen, sublinha que «o preço é apenas um de muitos factores que influenciam a decisão das pessoas de consumir drogas».
«Não podemos deixar de sentir preocupação por, em toda a Europa, as drogas estarem a ficar mais baratas em termos reais», disse, acentuando que, «se isto significar que as pessoas com tendência para consumir drogas as consumirão mais, o custo final do consumo de droga em termos de cuidados de saúde e de danos causados às comunidades poderá ser considerável.»
A cannabis continua a ser a droga ilícita mais consumida na União Europeia, Bulgária, Roménia e Noruega, com 65 milhões de adultos (20 por cento) que já experimentaram, seguida da cocaína, com 10 milhões, adianta o documento do OEDT.
Segundo o documento, na UE, Bulgária, Roménia e Noruega, entre a população adulta (15-64 anos) estima-se que 65 milhões (20 % da população adulta) tenham experimentado cannabis pelo menos uma vez (consumo ao longo da vida), que 22,5 milhões (7%) tenham consumido no último ano (consumo recente), 12 milhões (4%) tenham consumido no último mês (consumo actual) e três milhões (1%) a utilizem todos os dias/quase todos os dias (consumo intensivo).
A cannabis, produzida principalmente em Marrocos, mas também no Paquistão e no Afeganistão, continua a ser a droga ilícita de origem vegetal mais produzida e traficada a nível mundial (calcula-se que a produção anual em 2004 tenha sido de 7.400 toneladas), sendo também a substância que regista o maior número de apreensões a nível da UE - 1.660 toneladas em 2004.
A cannabis é referida como droga principal por cerca de 15% dos utentes que procuram tratamento por consumo de drogas na Europa e por 27% dos utentes que iniciam tratamento pela primeira vez, o que a torna a segunda droga mais referida depois da heroína.
[Fonte: Diário Digital / Lusa]