Interior, sim ou não?
Lembro-me bem de um jantar que tive no último Natal, em que um amigo meu natural da Guarda, depois de ter saído de lá rumo a Coimbra para fazer a dificuldade (faculdade digo), me disse que nunca mais lá voltaria. "Aquilo é bom, é giro, tem a Serra ali ao pé, a neve e tal, mas para viver, nem pensar", palavras dele. Eu devo ser dos poucos que nunca foi à Serra da Estrela, ou melhor, nunca fui "para" a Serra da Estrela, pois a única vez que efectivamente lá estive, foi num desajuizado passeio de mota rumo à Aldeia das Dez, em que me deixei encantar pelas curvas da Estrada da Beira, e quando dei por mim estava no Parque Natural da Serra. Era de noite, não vi nada, via a beira da estrada da estrada da mesma com dificuldade e lá regressei até à dita Aldeia das Dez. Com a minha natural tendência para contemplar paisagens montanhosas, sei que irei adorar visitar a Serra da Estrela, e transporto sempre comigo um terrível complexo de inferioridade de nunca lá ter ido. Para mim é assunto tabu falar da Serra da Estrela, assim como é falar de preferências clubísticas. Mas nem só da porra da Serra me apetece falar, pois a afirmação do meu amigo da Guarda, deixou-me curioso. Não tive atrevimento de o contrapor com aquelas histórias de "ah, mas é mais calmo, sossegado..." pois ele silenciou-me completamente com a decisão com que me disse "para viver, nem pensar". Pois bem, ontem fui pela primeira vez à Guarda, que espectáculo! Fui lá pelas razões que as fotos documentam, (trabalho!), mas almocei no centro (seria?) da cidade, e curiosamente, o dono do restaurante conversava com terceiros sobre as vantagens de viver no interior, de que lá não falta nada, da boa acessibilidade para Espanha, do vinho e do queijo. Tudo óptimo, mas será sufuciente? Não me parece... Senti tudo muito desertificado, senti grande afastamento entre localidades e pouca alegria, pouca cor e pouco "perfume" no ar. Talvez tenha sido infuenciado pela opinião do meu amigo, mas foi o que senti. Apreciei a boa acessibilidade rodoviária, gostei da A25 não ser paga, e todos os esforços são poucos para travar o êxodo rumo ao litoral. Mas a Guarda é como alguns clubes de futebol, ou como muita gente, falta-lhe qualquer coisa... Mas a cerejinha no topo do bolo da viajem de ontem, foi mesmo a chegada à ponte da foto de baixo. Por ordem de visita, de manhã fui à obra nos arredores da Guarda que podem ver na primeira foto, e depois de almoço, segui o tipo da empresa que nos adjudicou a conclusão dos trabalhos, até à ponte menor. A estrada era bem sinuosa, e depois de me ter perdido na contagem das curvas, lá chegamos. Um ermo. Pára carro, abre porta, veste colete, capacete, "então é aqui e tal", pergunto eu, e o fulano nada... "É que só tinha planos de pormenor não tinha a localização..." Disse eu para captar atenção, e o tipo, nem uma nem duas, olhava em volta, com um certo ar de encantado com o que via... Finalmente reagiu, combinámos o que tinha de ser combinado, até que a conversa aligeirou, e o sujeito lá me contou que a ponte já estava inserida no Parque Natural da Serra da Estrela... Bom... Depois ele disse uma ou duas coisas que sinceramente não ouvi.... Acho que fiquei a olhar, a olhar....
(E mais uma vez, não vi nada, mas hei-de lá voltar...)
2 comentários:
Bem...é com certeza um sítio bonito . Longe ou não, as pessoas que ali vivem não devem se queixar. Há quem goste de sossego, ficar longe da confusão e porque não morar próximo de um lugar lindo por natureza?
Eu gostaria mesmo era de ter ido ver a neve ! Mas sabe ? São aquelas coisas que ficam só nas promessassss .......
"Apreciei a boa acessibilidade rodoviária, gostei da A25 não ser paga, e todos os esforços são poucos para travar o êxodo rumo ao litoral." Discordo contigo. A única maneira de travar o êxodo seria destruir todas as vias de comunicação. Enquanto houver um caminho para sair...
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